Tuesday, 14 August 2012
My body is a cage by Arcade Fire
Meu corpo é uma jaula que me impede
De dançar com aquela que amo
Porém minha mente segura a chave
Eu estou em uma cena
De medo e insegurança
É uma peça horrível,
Mas eles aplaudirão mesmo assim
Você está perto de mim
E minha mente segura a chave
Estou vivendo em uma época
Que chama a escuridão de luz
E apesar de minha língua estar morta,
Suas formas ainda preenchem a minha cabeça
Estou vivendo em uma época
Cujo nome não sei
E apesar do medo me manter seguindo em frente
Meu coração ainda bate tão lentamente
Você está em pé ao meu lado
E minha mente segura a chave
Meu corpo é uma...
Meu corpo é uma jaula
Nós usamos o que nos foi dado
E só porque você esqueceu
Não quer dizer que esteja perdoada
Estou vivendo em uma época
Que grita meu nome à noite
Porém quando eu chego à saída
Não há ninguém à vista
Você está perto de mim
E minha mente segura a chave
Liberte o meu espírito
Liberte o meu espírito
Liberto o meu corpo
16-36 = 25-45
16-36+(81/4) = 25-45+(81/4)
(4-(9/2))2 = (5-(9/2))2
4-(9/2) = 5-(9/2)
4 = 5
4=2+2
=__________________________
Thursday, 9 August 2012
Track -9, Artista desconhecido
Jogado no sofá, tocando uma música que alguma pessoa deve amar em algum lugar. Uma lata de cerveja esquentando ao lado do amp. Eu perdi a vontade de beber. O que esse som está fazendo comigo? Como pode um amontoado de acordes qualquer despertar tanta coisa? A vida passa lá fora e eu só quero repetir esse refrão mais uma vez, ele dói em meus ossos. Todo mundo está indo embora daqui, e esse lugar é grande demais pra mim, eu sei. Vou tentar preencher todos os cômodos vazios com som, mesmo sabendo que sozinho talvez eu não consiga. Tenho as paredes que tanto quis, mas não sobrou quase nenhuma vontade de pintá-las. Deitar no chão e olhar para o teto com a voz do Cash ao fundo, isso ainda é bom, é uma mania que dificilmente irei largar. Joguei tanta coisa fora que agora não faço ideia do que colocar no espaço vazio que elas deixaram. 6 dias e minhas coisas ainda cheiram cigarro, isso me irrita. Minha sorte é ter a June sempre por perto, ela é tão leve que posso carregá-la pra cima e pra baixo. É bom olhar no espelho e reconhecer que as decisões que tomei me fizeram bem. É ruim levantar da cama e lembrar que esqueci de fazer café na noite passada, mas tudo bem, o cheiro de café fresco pela manhã me anima. Preciso dar uma de yupie maldito e arrumar uns quadros. Não tirei a música do repeat e me peguei cantando ela de novo. A cerveja está fervendo, não vou tomar essa droga. Eu continuo preso nos anos 50.
Eu continuo riscando os livros. Talvez, eu realmente não saiba. Talvez eu realmente não queira saber. Talvez eu apenas queira voar, ou simplesmente respirar. Seguindo meus passos tortos, sem saber pra onde vou. Só sei onde estou. Esse sou eu, aprisionado em uma casa de vidro. Vivendo da forma que sempre quis, sem lembrar de quando foi esse "sempre quis".
A vida é fácil. Sou um maldito cretino sortudo no fim das contas.
(LUCKY n° nine)
Tuesday, 7 August 2012
Videotape
Pare a fita, volte nove quadros. Você se reconhece?
Reconhece esse sorriso que você nunca mais viu?
Consegue se lembrar deste dia?
O dia mais feliz de sua vida?
Aperte o play.
Você reconhece estes rostos?
Tente imaginá-los sem as rugas e a idade.
Eles estavam lá, aplaudindo e celebrando sua breve felicidade.
Você acabou com a cor. Você acabou com o contraste.
Tudo virou cinza.
As cartas que você nunca mandou.
O amor que você inventou.
Regravado. Sobreposto.
Avance mais 3 minutos e olhe.
A solidão está sentada em seu ombro.
Isso merece replay.
Não chore. Eu tenho isso gravado também.
Uma fita chamada angústia.
Uma fita chamada desespero.
O lago, um beijo entre as árvores.
Uma tarde jogada no sofá.
Uma madrugada de sábado frio, sozinho.
Duas barras de chocolate.
Não adianta me contar isso.
Você nunca gravou uma fita chamada felicidade.
As tardes morrendo.
Os dias passando.
As coisas sumindo.
Eu estava filmando.
Eu estava lá quando você disse adeus.
Eu estava lá quando a vida fugiu por entre seus dedos.
Eu estava lá quando choraram sobre o seu corpo.
Eu sou o dono da sua história.
Eu sou o dono da sua fita de vídeo.
O dono do dia mais feliz da sua vida.
O último dia.
Gravado,
Em uma fita de vídeo chamada suicídio.
(N°9)
Sunday, 5 August 2012
A day in the life
Você irá acordar um dia e olhar para o lado. Você irá encontrar uma mulher que não o ama, e você também não ama ela. Você sairá da cama pequena se sentindo desconfortável, caminhando pelos corredores da casa simples que conseguiu construir ao longo de tantos anos. No café da manhã, seus filhos que não te respeitam estarão à mesa, gritando e pedindo porcarias que eles não sabem usar. Sua mulher estará na TPM, e nem de longe lembrará a garota meiga que um dia você conheceu. Você se sentirá mais desconfortável ainda.
É hora de ir para o trabalho que você odeia. Você começa a se perguntar quando foi que sua vida profissional virou um ciclo de lambeção de bolas interminável. A imagem do seu chefe obeso, babando enquanto enriquece às suas custas, te deixa enojado. Seu carro do ano financiado em 72x, não pega, e você começa a se perguntar quando foi que passou a depender de um pedaço de plástico enorme para se locomover. Seu coração começa a berrar.
Você está atrasado novamente e resolve pegar um ônibus. Ao entrar, você é sufocado pelo cheiro de pipoca doce misturado com depressão. A porcaria do ônibus está completamente lotada. Você tenta encontrar um espaço entre a porta e os seios flácidos de uma senhora. Seu estômago está se auto consumindo. Um jovem magrelo que parece ter roubado as roupas do Jô Soares liga um aparelho que um dia você conheceu como celular. Você tem vontade de esmagar o crânio dele com uma pedra.
Você resolve descer e continuar apé até o trabalho. Seus músculos provavelmente não irão aguentar a caminhada. Você não entende o trânsito. Você não entende a moda. Você não entende o que as pessoas estão ouvindo em seus carros. Você não entende porque tudo é tão alto, nem porquê as pessoas buzinam tanto. Seu pulmão parece falhar.
Você chega ao seu emprego. Exausto, e ainda são 8 da manhã. Na recepção, a secretária gostosa que você nunca irá foder te dá um bom dia de plástico. Você acha que já é o suficiente para sorrir.
Você chega em sua minúscula mesa. Pelo menos por enquanto, você se sente feliz.
Apertar botões em um computador, por mais 8 horas. É tudo o que você precisa fazer.
Você vê seu chefe se aproximando, e prepara seu psicológico para o esporro de sempre.
Você não consegue se concentrar no que ele está dizendo, a baba caindo no paletó francês que você nunca vai conseguir comprar te distrai. Ele se foi e você não viu.
É hora do almoço. Você não deixa de comparar o refeitório da empresa com um campo de concentração nazista. Pega sua refeição e senta em um canto qualquer, implorando para que ninguém se aproxime. A comida tem gosto de pneu velho.
Durante o resto do dia você irá tentar lembrar quando foi a última vez que fez sexo. Em vão.
O expediente chega ao fim. Pensar no caminho de volta te faz vomitar.
Você entra no piloto-automático, e quando se dá conta, está parado em frente a porta de casa. Esse é o seu momento de agradecer à Deus.
Você se senta à mesa para o jantar. Seus filhos não estão em casa, e sua mulher está na sala vendo novela. Você só pensa em ir para a cama.
O quarto cheira à sexo. A cama cheira à sexo. Você não liga. Na verdade, sente pena de quem estiver fodendo a sua mulher. Ele que assuma as contas dela.
Você coloca a cabeça no travesseiro e agradece por estar vivo. Agradece por saber que é livre, e que poderá fazer tudo isso mais uma vez amanhã.
Essa é a sua vida.
A sua vida que eu recuso viver.
(N°9)
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